por Gustavo Fioratti, Revista da Folha
Esse punhado de impressões sobre a maior cidade da América do Sul foi extraído de entrevistas com pessoas que deixaram a cidade e, depois de viverem experiências diversas em terras distantes, voltaram com o olhar modificado.
São relatos pessoais e subjetivos, como quando um chef de cozinha, Jorge Filio, 46, conta que saiu, em 1990, com a impressão de que a cidade "cheirava mal". Depois de viver 17 anos fora, voltou achando que o cheiro ruim desaparecera.
Nesse retrato da metrópole, também há avaliações objetivas sobre a infraestrutura. A cidade mudou depois da Lei Cidade Limpa, constata Ieda Onaga, 26, descendente de japoneses que tentou a vida na terra do sol nascente. A ausência de outdoors e placas a fez ver outras sujeiras. "Sem painéis, dá para ver as pinturas malconservadas, o reboco aparente e a tubulação exposta."
Empurrada pela crise global que atingiu em cheio a indústria japonesa, a decasségui retornou ao Brasil há um mês, na companhia do marido e do filho de um ano. Foi recebida por uma comitiva familiar no desembarque do aeroporto de Guarulhos, acompanhada pela Revista.
Como ela, tantos outros decasséguis, dos 320 mil brasileiros que hoje vivem no Japão, voltaram para São Paulo naquele dia. De acordo com a Japan Airlines, o fluxo de passageiros de lá para o Brasil cresceu entre 30% e 40% no final do ano passado, em relação ao mesmo período de 2007.
O choro na chegada era de saudade e de frustração. As lágrimas de Ieda também foram motivadas por um projeto de vida que falhou. Ainda assim, pela coragem, todos foram saudados em solo brasileiro com salvas de palmas. Ao fundo, a cidade de São Paulo a lhes dar as boas-vindas. As cinco histórias, reunidas nesta reportagem, revelam uma metrópole que se modifica ininterruptamente, sempre pronta a reintegrar quem, um dia, partiu, com ou sem data para voltar.
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