segunda-feira, 2 de março de 2009

Depois de morar na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e na África, paulistanos falam sobre a readaptação na volta à Metrópole

um novo olhar sobre a cidade

por Gustavo Fioratti, Revista da Folha

Em São Paulo, as pessoas se olham nas ruas. Em seus rostos, a sombra do cansaço. É uma gente calorosa comparada aos japoneses, embora não tão gentil quanto os americanos de Nevada. O metrô atende poucas regiões, mas é bem-cuidado. As raízes das árvores arrebentam calçadas cheias de desníveis.

Esse punhado de impressões sobre a maior cidade da América do Sul foi extraído de entrevistas com pessoas que deixaram a cidade e, depois de viverem experiências diversas em terras distantes, voltaram com o olhar modificado.

São relatos pessoais e subjetivos, como quando um chef de cozinha, Jorge Filio, 46, conta que saiu, em 1990, com a impressão de que a cidade "cheirava mal". Depois de viver 17 anos fora, voltou achando que o cheiro ruim desaparecera.

Nesse retrato da metrópole, também há avaliações objetivas sobre a infraestrutura. A cidade mudou depois da Lei Cidade Limpa, constata Ieda Onaga, 26, descendente de japoneses que tentou a vida na terra do sol nascente. A ausência de outdoors e placas a fez ver outras sujeiras. "Sem painéis, dá para ver as pinturas malconservadas, o reboco aparente e a tubulação exposta."

Empurrada pela crise global que atingiu em cheio a indústria japonesa, a decasségui retornou ao Brasil há um mês, na companhia do marido e do filho de um ano. Foi recebida por uma comitiva familiar no desembarque do aeroporto de Guarulhos, acompanhada pela Revista.

Como ela, tantos outros decasséguis, dos 320 mil brasileiros que hoje vivem no Japão, voltaram para São Paulo naquele dia. De acordo com a Japan Airlines, o fluxo de passageiros de lá para o Brasil cresceu entre 30% e 40% no final do ano passado, em relação ao mesmo período de 2007.

O choro na chegada era de saudade e de frustração. As lágrimas de Ieda também foram motivadas por um projeto de vida que falhou. Ainda assim, pela coragem, todos foram saudados em solo brasileiro com salvas de palmas. Ao fundo, a cidade de São Paulo a lhes dar as boas-vindas. As cinco histórias, reunidas nesta reportagem, revelam uma metrópole que se modifica ininterruptamente, sempre pronta a reintegrar quem, um dia, partiu, com ou sem data para voltar.

ame-a ou deixe-a

Pesquisa realizada pelo Ibope a pedido do Movimento Nossa São Paulo

Em janeiro de 2008, 55% viveriam em outro lugar

Em novembro, caiu para 46% a porcentagem de quem deixaria São Paulo

63% dos moradores de São Paulo acham suas vidas muito interessantes

43% acham São Paulo acolhedora

Dos aspectos positivos de viver em SP:

21% apontam as oportunidades

16% o mercado de trabalho

13% lazer, diversão e entretenimento

Dos aspectos negativos:

40% apontam a violência

18% a criminalidade

12% o trânsito

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