sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Cenário de "Tomb Raider", Angkor vale uma semana de passeio

Desbravar os caminhos que levam aos templos de Angkor, no Camboja, é uma experiência única. A base para a exploração é Siem Reap, onde há farta oferta de hotéis.
Para conhecer o parque, três opções de passe são oferecidas: um dia, três dias e uma semana. Para pagar, use dólar. Em todos os locais turísticos, ninguém utiliza moeda local. Por isso, não faça câmbio para o desvalorizado riel. É perda de tempo.
Descarte o passeio de um dia, diante da impossibilidade de conhecer minimamente o complexo em tão escasso período. Em três dias, dá para explorar os maiores templos. Guarde ao menos uma manhã inteira para Angkor Wat, o mais portentoso deles. E finalize a empreitada com os prédios de Roluos, distantes 13 km do conjunto principal, cujos templos mais interessantes são Bakong e Preah Ko, erguidos no reinado de Indravarman 1º, no século 9º, e de influência hindu.
Em uma semana, dá para fazer o passeio todo com mais vagar, além de rever os preferidos. Acredite, você terá vontade de ir mais de uma vez a locais como Ta Prohm e Pre Rup.
Há um desnível grande no estado de conservação dos templos, mesmo que todos sejam de época semelhante. Alguns foram restaurados boa parte financiada por países estrangeiros, como Japão, França, Tailândia e Índia. Outros, não. Angkor foi abandonada com o declínio do império Khmer. O povo tai -grupo que deu origem à Tailândia- invadiu e saqueou seus templos. Boa parte dessa riqueza foi deslocada para Ayuthaya (Tailândia), a partir de 1431, quando a capital khmer se deslocou para o sul, até ser fixada em Phnom Penh.
Com o abandono, a obra humana travou nova batalha, de séculos, contra o calor e a umidade. Cúpulas arqueadas não resistiram à ação do tempo e desabaram. Corredores escuros e inóspitos viraram abrigo de morcegos. Paredes esculpidas tiveram os desenhos ocultados por musgos e líquens. Mas a natureza também foi generosa. Templos foram tomados por árvores, que cresceram em muros, gerando imagens únicas, como em Ta Prohm, cenário de "Tomb Raider" (2001), com Angelina Jolie.
A beleza incomparável do conjunto levou o escritor inglês Somerset Maugham a admitir ser incapaz de descrevê-lo.
"Nunca vi nada mais maravilhoso do que os templos de Angkor. Mas, como fazer, em preto e branco, uma descrição deles que não dê, mesmo ao mais sensível dos leitores, apenas uma confusa e sombria impressão de sua grandeza?"
Para cobrir as longas distâncias das maravilhas do parque, há várias opções. Para quem pedala, a visita pode sair mais barata. Bicicletas são alugadas na entrada, por US$ 2 ao dia.O mais recomendável, por conta da rapidez, é alugar uma tuk-tuk (carroça puxada por moto, comum no Sudeste Asiático). Dependendo do veículo, é possível montar um grupo para viajar com conforto.
O preço é de cerca de US$ 15 por dia. Mas tudo ali é negociável. A barganha é bem-vinda. E basta ameaçar a contratação de outra moto para os preços miraculosamente despencarem. Não é preciso deixar o parque para comer. Próximo aos templos há restaurantes baratos graças ao nosso valorizado real.
Só se preocupe com a sua preparação física. Sedentários, evitem a visita. Um dia inteiro de passeio pelos intrincados corredores dos templos rende boas lembranças, ótimas fotos, mas também algumas dores.
As piores se concentram nas coxas, devido ao movimento de subir e descer as escadas íngremes e irregulares para adentrar os prédios. Com as chuvas, que caem de junho a outubro, elas ficam escorregadias. Uma torção pode estragar a visita.
Uma anedota entre turistas reza que os templos foram erguidos não em homenagem a deuses hindus ou a Buda, mas em louvor ao "deus escada", onipresente em todas elas.
PARQUE ARQUEOLÓGICO DE ANGKORUS
$ 20 (um dia), US$ 40 (três dias) e US$ 60 (uma semana). Aberto das 5h30 às 17h.

Foha de S.Paulo, no Camboja

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